Mas todos os filhos não são especiais?
Sim, podemos considerar que todos os filhos são especiais, por que
são únicos. Afinal, uma das riquezas da espécie humana é a diversidade,
como já dissemos.
Mas aqui chamaremos de filhos especiais todos aqueles que apresentam
alguma condição de saúde ou social que os diferencia da maioria. São os
que têm paralisia cerebral, síndromes, como a de Down, autismo,
diabetes, hemofilia, atrasos de desenvolvimento… A lista é grande.
Partilhamos da idéia de que todos os seres humanos têm o mesmo valor e
os mesmos direitos, incondicionalmente. E que devem ter as mesmas
oportunidades de convivência na sociedade.
Maravilhoso será o dia em que as crianças especiais não necessitem
mais de um capítulo próprio dentro de um livro. Isto significará que
seus direitos são todos respeitados e cumpridos, e suas necessidades
específicas já são atendidas integralmente.
Infelizmente, não é o que acontece nos dias de hoje. Estamos muito
longe disso, e muitos livros nem sequer se lembram de que elas existem!
Assim, ao abordar aqui este tema, estou abrindo um espaço para chamar
a atenção para as especificidades, as necessidades e os direitos das
crianças com deficiência.
A maneira de educar estas crianças deve ser diferente das demais? Sim
e não. Os princípios gerais, anteriormente descritos, se aplicam a
todas elas. E devem ser seguidos, na medida do possível, respeitadas as
condições individuais. Não é porque uma criança tem um determinado
problema, que se deve abrir mão de educá-la. Nada de “coitadinho,
deixe-o fazer o que quer…”
Por outro lado, as características de cada uma devem ser respeitadas e
as necessidades especiais devem ser atendidas. Certas condições
requerem cuidados específicos, como dietas, estimulações, e medicações
especiais.
Existe uma “etiqueta” própria para se relacionar com crianças ou
pessoas com determinados problemas. Conhecê-la é útil para qualquer
pessoa.
Ao conversar com alguém que usa cadeira de rodas, procure sentar-se e
manter seus olhos na mesma altura dos olhos desta pessoa. Não se apóie
na cadeira, pois esta passa a “fazer parte” do corpo dela. É como se
apoiar nos ombros ou costas de alguém, sem sua autorização.
Ao caminhar com uma pessoa cega, deixe que ela diga se precisa de
auxílio. Caso sim, deixe que ela segure em seu braço ou cotovelo e que o
siga. Não a puxe ou segure pelo braço.
Para se comunicar com um deficiente auditivo, procure falar
pausadamente, colocando-se de forma que ele possa ver seu rosto e seus
lábios, facilitando a comunicação. Além da linguagem de sinais, toda
forma de entendimento, como gestos, escrita, etc., é válida.
Um cuidado essencial é o de tratar a criança de acordo com sua idade
cronológica, mesmo que tenha algum comprometimento intelectual ou motor
mais grave. Nunca subestime a capacidade de entender e sentir de
qualquer pessoa, como fazem muitos. Se for um adolescente, por exemplo,
trate-o como tal, nunca como uma criança. As pessoas especiais, por mais
comprometidas que sejam, não são eternas crianças!
O relacionamento da criança especial com os irmãos costuma ser mais
delicado. Eles podem sentir vergonha do irmão diferente, ou mesmo
ciúmes, se a atenção da família for excessiva. Procure prevenir e
entender esses possíveis sentimentos.
Trabalhe com a perspectiva de incluir seu filho especial na sociedade
em geral, junto dos colegas de mesma idade, especiais ou não. Dê a ele a
oportunidade de conviver em todas as atividades comunitárias possíveis,
seja no lazer, na escola, na rua, na família, etc. Com todas as
dificuldades e comprometimentos que ele possa ter. Isto é o que se chama
de Inclusão.
Uma excelente fonte de ajuda, informações e suporte mútuo são as
associações de pais, que reúnem aqueles que têm crianças com condições
semelhantes. Quanto mais os pais participarem, mais as entidades ficarão
fortalecidas e aptas a cumprirem seu papel na defesa dos direitos e dos
interesses destas crianças.
Ruy do Amaral Pupo Filho
Pediatra, Sanitarista e Escritor
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